É só olhar para o alto: ao longo de várias ruas do Rio a expressão “tudo junto e misturado” se traduz em poluição visual. Para combater o caos de fios sem uso pendurados nos postes, a prefeitura anunciou que, a partir desta semana, três caminhões da Rioluz vão rodar pela cidade com a finalidade de tirar material inútil de circulação. A intervenção começa pelo bairro de Benfica, na Zona Norte, com a meta de remover uma tonelada de fios por mês. A intervenção pode ocorrer durante o dia ou à noite, para evitar transtornos no trânsito.
Ao todo, são 48 as empresas de telecomunicações autorizadas a instalar fios, dividindo espaço nos postes da Light. A multa para quem faz o procedimento sem autorização e abandona material degradado nesses locais é de R$ 102,14 por ocorrência. O problema é que nem sempre se consegue identificar a empresa infratora. A operação “caça fio” foi antecipada pelo colunista de O GLOBO Ancelmo Gois.
— Existe uma rede abandonada. O prefeito tem reclamado muito disso e resolvemos criar a operação para retirar essa sucata. Esse é um problema que atinge toda a cidade, principalmente as Zonas Norte e Oeste — diz Paulo Cezar dos Santos, presidente da Rioluz, a Companhia Municipal de Energia e Iluminação Pública.
A polêmica sobre a bagunça nas alturas é antiga. Historicamente, as concessionárias aproveitam para enterrar a fiação durante grandes intervenções, como obras do Rio Cidade nos anos 1990 e do Porto Maravilha, na década passada. Em 2016, parte da infraestrutura na Avenida Salvador Allende, na Zona Oeste, tornou-se subterrânea, mas o equipamento desativado seguiu pendurado por meses.
— Na Tijuca, só a fiação da Rua Conde de Bonfim é subterrânea. No entorno há vias com fios expostos — observa o presidente da Rioluz, antes de acrescentar: — Os fios retirados serão levados para um depósito. Se o responsável aparecer, são devolvidos e a multa é aplicada. Caso contrário, trata-se de um material com pouco valor comercial e será descartado. A ação não combaterá ligações clandestinas, tarefa que cabe à segurança pública. A instalação dos fios em postes mantidos pela Light segue regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em nota, a empresa afirmou que mesmo antes da operação desta semana tinha parceria com a prefeitura para retirada de cabos abandonados ou irregulares. Em uma das ações foram retirados 317 postes e 2 toneladas de cabos, fios e cordoalhas que ofereciam risco.
“Como a Light não tem autorização para retirar os cabos de outras concessionárias, ao identificar ligações irregulares, a distribuidora notifica as empresas para que a devida adequação seja executada’’, diz a nota.
Ex-secretário de Planejamento Urbano da prefeitura, Washington Fajardo destaca o impacto visual da fiação suspensa em uma cidade que busca valorizar sua paisagem:
— Uma fiação mal instalada ou caída provoca até mesmo desvalorização imobiliária por esconder a beleza da cidade em meio a tanta feiura.
Comments