Empresas implantam sistemas mais eficientes e equipamentos modernos.
Por Robson Rodrigues - Para Valor Econômico
16/02/2022
Cada vez mais pressionados pelos custos da energia, empresas, grandes consumidores e até municípios estão apostando em sistemas mais eficientes, equipamentos mais modernos e revisão dos processos produtivos para se manterem competitivos.
A Enel Brasil investiu quase R$ 89 milhões em 2021 em diversos projetos que integram seu programa de eficiência energética com resultados concretos. A Liga industriais de alumínio S.A. (Liasa), indústria intensiva que produz silício metálico, tem um plano de modernização dos fornos e prevê aumento de eficiência que pode chegar a 10%.
Do lado das fabricantes, a WEG e a Onpower estão sendo procuradas por quem busca equipamentos mais eficientes. Dados do Plano Decenal de Expansão de Energia 2030, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mostram que os ganhos de eficiência energética reduzirão aproximadamente 6% da eletricidade da indústria em 2030.
A crise hídrica, os encargos tributários e subsídios abriram precedentes para uma agenda de investimentos em eficiência energética. Em 2021, a Enel no Brasil por meio de suas quatro distribuidoras, investiu R$88,8 milhões em projetos que integram seu programa de eficiência energética, obtendo como principais resultados o atendimento de aproximadamente 331 mil beneficiados, economizando 62.257,81 MWh ao longo do ano e reduzindo a demanda na ponta em 6.629,33kW.
“Em 2021, investimos mais de R$88,8 milhões em projetos apoiadas pelo programa, com iniciativas que aliam benefícios econômicos e reflexos positivos para a sociedade e o meio ambiente. Um dos destaques vai para a Chamada Pública de Projetos, realizada todos os anos e que visa beneficiar a sociedade como um todo. Os projetos de Chamada Pública alcançam essa visão de levar ganhos energéticos e tornar mais eficientes os serviços já oferecidos pelas instituições beneficiadas, sejam elas públicas, privadas ou filantrópicas”, afirma a diretora de Sustentabilidade Enel Brasil, Marcia Massotti.
Se no passado, o atrativo para as indústrias se instalarem no Brasil era a disponibilidade e preço da energia, ao longo do tempo essas vantagens foram sendo diluídas. A Ligas industriais de alumínio S.A. (Liasa) produz silício metálico e na busca por competividade prevê um ganho de produção com a repotenciação dos fornos.
“No momento a gente consome 100 megawatts médios (MW-med). A ideia é aumentar a produção reduzindo a quantidade de energia por tonelada de silício metálico. A repotenciação dos fornos deve trazer um aumento de eficiência entre 5% a 10%”, diz o diretor de Energia da empresa, Ary Pinto Ribeiro Filho.
Neste contexto, o gerente de Preços e Estudos de Mercado da Thymos, Gustavo Carvalho, conta que há um movimento de mudança na operação dos parques industriais com a revisão dos processos produtivos. “Grandes indústrias têm feito isso, porém os pequenos ainda enfrentam dificuldades”.
O presidente da Associação dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, avalia que as empresas estão com uma agenda ambiental, social e de governança (ESG, sigla em inglês, compromissos globais com emissões, além da busca por competitividade no mercado.
“Há um movimento de grande interesse para eficiência energética, como a contratação de energia incentivada e autoprodução para buscar competitividade e atender essa agenda global de compromissos. As empresas também se preparam para um mercado de carbono, que será uma realidade”.
O que Pedrosa diz tem lastro na realidade. Um levantamento feito em 2020 pela coordenadora de iniciativa do Instituto Clima e Sociedade (iCS),Kamyla Borges, com dez empresas mais bem pontuadas no Indice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), mostrou que a eficiência energética é um ponto considerado para atender as metas ambientais.
“Embora a maioria (das empresas) afirme implementar medidas de eficiência, poucos foram aquelas que estabeleceram metas específicas de redução do consumo de energia ou de intensidade energética”, diz a pesquisadora.
A WEG tem demandas para serviços de melhorias de performance e automação da operação. Na Onpower, a busca é por grupos geradores mais eficientes. Em 2021, a companhia teve a maior curva crescente na venda desde 2013. Segundo o gerente de vendas, Fernando Lemos, o ano foi o melhor da história, com crescimento de 9215 em relação ao ano anterior. “Vemos uma maior procura por máquinas a gás natural e biogás, que é uma outra matriz”, afirma.
Hoje mais de 50 grupos empresariais se interessaram em parcerias com o poder publico para serviços de iluminação pública. Existem 56 municípios brasileiros com contratos de concessão de serviços de iluminação publica para a iniciativa privada com investimentos estimados da ordem de R$18,3 bilhões.
Segundo a Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Iluminação Pública (ABCIP), 12% do parque de iluminação pública do Brasil está sendo renovado por empresas privadas no modelo PPP.
"A modernização dos parques de iluminação pública com as luminárias de LED tem gerado uma economia de ate 70% no consumo de energia elétrica", diz Pedro Iacovino, presidente da ABCIP. "Quando o parque é equipado com recursos de telegestão, a economia pode ultrapassar 80%".
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