Com concessões ou projetos próprios, municípios investem e reduzem custos com iluminação pública
O pequeno município de Jardim Alegre, no norte central do Paraná, é um exemplo de como a arrecadação pública pode ser usada para melhorar a vida dos cidadãos e, de quebra, a do planeta. Com um investimento de R$ 1,1 milhão, o prefeito José Roberto Furlan (Cidadania) trocou todas as lâmpadas a vapor de sódio pelas de LED na iluminação pública, instalou placas fotovoltaicas e uma usina de geração de energia solar. O objetivo era eliminar o aumento de custos da iluminação pública. Iniciado em 2020, o projeto já resultou em uma economia de 10% nessa despesa para a prefeitura.
E a conta de eletricidade dos 18 mil habitantes de Jardim Alegre não subiu em 2021. Furlan pretende instalar mais duas usinas. A primeira, com custo de R$ 250 mil, gera 75 kVA e ocupa uma área de 800 metros quadrados. A ideia é que a segunda usina esteja funcionando até o final do ano, a fim de ajudar com os custos de manutenção. Com boa gestão, diz Furlan, é possível ampliar a rede. Os recursos foram investidos e devolvidos para a população. O prefeito afirma que o projeto é exemplar e “cabe em todas as cidades do Paraná. Cabe no Brasil todo, no mundo todo”.
Várias cidades espalhadas pelo Brasil vêm adotando sistemas de geração de energia renovável tanto na iluminação quanto em edifícios públicos. Em Vitória, no Espírito Santo, foram instaladas 180 placas de energia solar para a geração de eletricidade na Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Vitória (CDTIV). O projeto de energia fotovoltaica custou R$ 507.546,99. Os recursos vieram de um acordo celebrado entre o município e o Ministério da Ciência e Tecnologia. Estima-se que a produção seja de 7.120 kWh/mês. Outro prédio municipal, o Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac), onde ficam vários setores da administração pública, também conta com placas solares. Desde que foi implantado, em 2019, já foram gerados 190,5 MWh de energia.
A economia foi de R$ 192.031,39, somente em 2021, segundo o analista em comunicação de Vitória, Fabricio Faustino. Também está sendo construído um edifício de apartamentos, que terá energia fotovoltaica e um sistema para captura e reaproveitamento da água de chuva. Com investimento de cerca de R$ 8 milhões, abrigará 48 famílias em situação de vulnerabilidade. A cidade já contou com uma usina de geração de energia solar, instalada em 2019. No entanto, técnicos da Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran), determinaram sua inviabilidade técnica e econômica e ela será desmontada. Segundo a atual gestão, a usina estava inativa, avariada e sem contrato de manutenção quando assumiram a prefeitura.
Caraguatatuba, no litoral do Estado de São Paulo, tomou rumo similar ao de Jardim Alegre. Praticamente 100% da iluminação pública da cidade conta com lâmpadas LED. Do total de 25.459 luminárias, 23.853 são de LED. A concessionária Caraguá Luz ampliou o número de postos de iluminação pública em 4.521, além de modernizar outras.
O projeto em andamento em Caraguatatuba é considerado pioneiro. O município foi o primeiro a firmar um contrato de parceria público privada (PPP) na área de iluminação no Estado de São Paulo e o segundo do país, de acordo com a prefeitura. O investimento foi concluído em 2018. Dois anos depois, foi necessário fazer uma adequação do contrato, a fim de suprir demanda adicional e reprimida, como também do crescimento vegetativo.
A redução média do consumo na cidade litorânea foi de cerca de 54%. Há igualmente projetos de iluminação da areia da praia, nos 12 quilômetros de orla. “Pensamos em uma cidade mais segura com essa nova iluminação, mas também no futuro tecnológico”, diz o prefeito Aguilar Junior. Desde 2019 a Prefeitura da Estância Turística de Pereira Barreto, no interior paulista, instala placas solares no município para a geração de energia. Ao custo de aproximadamente R$ 950 por unidade, as placas garantem economia aos cofres da cidade.
Fonte: Laura Knapp - Valor
Comments